26/03/2025

Indicada por Zenaide, primeira mulher trans doutora pela UnB recebe diploma Bertha Lutz

Zenaide ao lado da professora Jaqueline Gomes de Jesus, homenageada com a comenda Bertha Lutz por indicação da senadora

Indicada pela senadora Zenaide Maia (PSD-RN), a escritora, professora e primeira gestora do sistema de cotas para negros da Universidade de Brasília (UnB) Jaqueline Gomes de Jesus receberá, nesta quinta-feira (27), o Diploma Bertha Lutz. A condecoração oficial do Senado Federal reconhece a trajetória e homenageia a atuação de mulheres que se destacam na luta pelos direitos femininos e na promoção da igualdade de gênero no Brasil.

Nesta edição, serão agraciadas 19 personalidades de diferentes áreas e com biografias marcantes, refletindo a diversidade da luta feminina na política, na ciência, no Poder Judiciário, na cultura, no ativismo social e no empreendedorismo.

Durante visita ao gabinete de Zenaide nesta quarta-feira (26), Jaqueline declarou-se honrada pela premiação e ressaltou a importância simbólica do Diploma Bertha Lutz para sua vida pessoal e para a sociedade brasileira.

“Bertha Lutz é uma referência como grande sufragista e feminista: fez história na época dela, mesmo nunca reconhecida por muito tempo no país. Receber este diploma significa não só olhar o brilho dessas grandes mulheres, mas dar valor a vidas que não foram reconhecidas e a vozes que foram apagadas”, afirmou a docente, que também é mestra e psicóloga pela UnB e representante do movimento negro e da comunidade trans.

Zenaide destacou que a democracia começa pela Educação, área na qual a pluralidade e a diversidade que compõem o povo brasileiro devem ser representadas sem preconceitos nem invisibilidade. 

“A trajetória de Jaqueline, primeira mulher trans a se formar como doutora na Universidade de Brasília, é um exemplo inspirador para todos nós. A academia projeta para o Brasil e o mundo Jaqueline, uma personalidade jovem que quebra tabus, uma mulher que vence com um talento brilhante e prova que todas as pessoas podem sonhar e merecem alcançar seus objetivos pessoais e profissionais. Todos somos iguais perante a lei, e esse preceito da Constituição Federal é farol que nos afasta das trevas da ignorância e da falta de liberdade e nos faz caminhar rumo a uma nação verdadeiramente livre, justa e solidária”, frisou a senadora.

Jaqueline ainda expressou sua admiração pela trajetória da professora e doutora Leilane Assunção (1981-2018), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ressaltando o fato de ser homenageada por meio de uma parlamentar do Estado.

“A senadora Zenaide, uma guerreira dentro da realidade de sua terra, olhou com olhos de Brasil ao me conceder esta homenagem. Eu me sinto acarinhada pelo Rio Grande do Norte. Sou a primeira mulher trans a receber o Diploma Bertha Lutz. E por meio de uma parlamentar do Estado de Leilane, uma mulher trans que faz muita falta, morreu sentindo a falta de reconhecimento na universidade e que por muito tempo foi nossa grande referência trans para a academia”, assinalou a agraciada.

Leia mais AQUI sobre a trajetória de Jaqueline Gomes de Jesus

De acordo com a professora e doutora, a premiação reforça as políticas públicas da área de Educação, haja vista sua jornada como primeira gestora de cotas para alunos negros da UnB no período de 2004 a 2008. Ela também foi idealizadora do Centro de Convivência Negra (CCN). À época, atuava como psicóloga da instituição, após aprovação em concurso público.

“Eu destaco esse papel da Educação. Implantamos as cotas para alunos negros na UnB em 2003, há 22 anos, ainda antes da lei de cotas. O Diploma Bertha Lutz é um espaço de reconhecimento para darmos visibilidade às nossas ancestrais negras, à população LGBT, às populações periféricas, para que não tenhamos mais tantas histórias de vida apagadas”, salientou Jaqueline.

Premiadas

A premiação prestigia educadoras e escritoras que têm se destacado na produção de conhecimento e na promoção da educação como ferramenta de transformação social, abrindo portas para novas gerações de mulheres na academia e na literatura. É o caso de Jaqueline e da escritora e membro da Academia Mineira de Letras Conceição Evaristo, também negra.

Outras líderes condecoradas este ano abriram caminho para a participação feminina nos espaços de poder, como Antonieta de Barros, que será celebrada in memoriam. Ela foi a primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil, pelo estado de Santa Catarina.

Na lista de agraciadas estão ainda as atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, ambas premiadas e prestigiadas internacionalmente e indicadas ao Oscar, além de cientistas cujas pesquisas contribuem para o avanço do conhecimento, como a neurocientista e presidente da Rede Sarah, Lúcia Willadino Braga, e de defensoras dos direitos humanos que trabalham para garantir equidade e justiça social, como a filantropa e presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna.

Acompanhe aqui a cerimônia de condecoração:

Veja todas as agraciadas de 2025:

Ani Heinrich Sanders – Produtora rural do estado do Piauí, indicada pela senadora Jussara Lima (PSD-PI)

Antonieta de Barros (in memoriam) – Primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil, pelo estado de Santa Catarina. Foi indicada pela senadora Ivete da Silveira (MDB-SC)

Bruna dos Santos Costa Rodrigues – Juíza no Tribunal de Justiça do estado do Ceará, indicada pela senadora Augusta Brito (PT-CE)

Conceição Evaristo – Escritora e membro da Academia Mineira de Letras, indicada pela senadora Teresa Leitão (PT-PE)

Cristiane Rodrigues Britto – Advogada e ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Foi indicada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF)

Elaine Borges Monteiro Cassiano – Reitora do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), indicada pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS)

Elisa de Carvalho – Pediatra, professora universitária e membro da Academia de Medicina de Brasília, indicada pela senadora Dra. Eudócia (PL-AL)

Fernanda Montenegro – Atriz, indicada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre

Fernanda Torres – Atriz e escritora, indicada pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA)

Janete Ana Ribeiro Vaz – Empreendedora e cofundadora do Grupo Sabin, indicada pela senadora Leila Barros (PDT-DF)

Jaqueline Gomes de Jesus – Escritora, professora e primeira gestora do sistema de cotas para negros da Universidade de Brasília (UnB). Foi indicada pela senadora Zenaide Maia (PSD-RN)

Joana Marisa de Barros – Médica mastologista e imaginologista mamária no estado da Paraíba, indicada pela senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB)

Lúcia Willadino Braga – Neurocientista e presidente da Rede Sarah, indicada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre

Maria Terezinha Nunes – Coordenadora da Rede Equidade e ex-cordenadora do Programa Pró-equidade de Gênero e Raça do Senado. Foi indicada pela Bancada Feminina

Marisa Serrano – Ex-senadora, indicada pela senadora Tereza Cristina (PP-MS)

Patrícia de Amorim Rêgo – Procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado do Acre, indicada pelo senador Sérgio Petecão (PSD-AC)

Tunísia Viana de Carvalho – Mãe de Haia (caso de subtração internacional de criança) e ativista dos direitos maternos e infantojuvenis, indicada pela senadora Mara Gabrilli (PSD-SP)

Virgínia Mendes – Filantropa e primeira-dama de Mato Grosso, indicada pela senadora Margareth Buzetti (PSD-MT)

Viviane Senna – Filantropa e presidente do Instituto Ayrton Senna, indicada pela senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO)

Bertha Lutz

O nome do prêmio é uma homenagem à bióloga, advogada e diplomata paulista Bertha Maria Julia Lutz, uma das figuras mais significativas do feminismo e da educação no Brasil do século 20. Aprovada em um concurso público para o cargo de pesquisadora e professora do Museu Nacional no ano de 1919, tornou-se a segunda brasileira a fazer parte do serviço público no Brasil.

Uma das principais bandeiras levantadas por Bertha era garantir às mulheres os seus direitos políticos. Ela fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), que atuou pelo direito ao voto das mulheres. Em 1934, ela foi eleita suplente de deputado federal. Em 1936, assumiu o mandato de deputada.

Em 1945, integrou a delegação brasileira na conferência que fundou as Nações Unidas, tendo um papel central no evento. Bertha liderou uma coalizão de diplomatas latino-americanas que conseguiu garantir a inclusão da igualdade de gênero na Carta da ONU, documento fundador da organização. Morreu em 1976, aos 82 anos, no Rio de Janeiro.

(Com informações da Agência Senado)

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